domingo, 29 de junho de 2008

CAPíTULO NOVE - MY BAD TRIP [parte 1]

Desolação. Este é o meu nome hoje.
Não consigo pensar em nada que não me lembre que estou, ou melhor, estava namorando um amante profissional. E não venham me dizer que sou quadrada, tradicionalista e essas coisas pois, convenhamos, uma coisa é as outras pessoas passarem por isso, outra beeeem diferente é 'vocêzinha' estar nessa situação.
Me tranco em meu quarto e dou graças a Deus por estar sozinha em casa. Deusinho, o que fiz para merecer isso?! Me fala. Olha, se eu colei chiclete na cruz ou coisa do tipo em uma outra vida, podia relevar né?! Eu nem sei o que fiz ontem, como vou pagar por algo que fiz a não sei lá quantos mil anos??
Estava em meus desvaneios mais estranhos quando ouço alguém bater na porta da frente. Ah não! Chegou alguém em casa. Deve ser o Pin, volta e meia ele tem aula vaga, oh curso abençoado o dele!!! Mas esses professores não poderiam escolher um dia melhor para faltar!? Estou sem paciência para ele, sua chapinha e suas inúmeras histórias sobre pretendentes cheios de amor para lhe dar. Poxa, apesar de não gostarem da fruta, têm aquilo, e aquilo vai me lembrar aquele... vocês me entendem né?!
- Alguém em casa???
Pára tudo, é uma alucinação ou estou ouvindo a voz do Caju? Gente, não vejo ele faz uma semana. Apesar de estar um pouco preocupada, movi apenas uns músculos, mas só para tampar minha cabeça com o edredon. Não queria ver ninguém.
- Sophia? Nicky... - ouço o barulho da minha porta sendo aberta.
- Não tem ninguém Caju. - falo debaixo do cobertor.
- Ai meu Deus, são os duendes então que estão falando comigo?! Se for, apareçam!! Nunca vi duendes. - percebo pelo tom de voz excitado que ele estava falando sério. Jesus, deve tá piradão.
- Ai, Caju, não são doendes, sou eu. - coitado..
- Oi Ni. Mas que bad trip é essa??? - pergunta Caju, se aproximando. Se até chapado ele se deu conta que estou mal, é porque meu estado deve ser de calamidade pública.
- Ah, Caju. Estava namorando um amante profissional. - desabafo.
- Que manero Nicky. Mó moderno isso.
- Não é maneiro. Imagina quantos chifres devo ter? Ah, Caju... - gente, quando em estado normal eu estaria desabafando com Caju? Nunca. Não que ele não seja um bom amigo... mas perceberam que uma conversa sana é um pouco complicado aqui?
- Pode ser... mas Nicky, como diria o filho do Chico Anísio, "Toda onda uma hora acaba. E é substituída por outra. Sempre tem uma dança do créu pra substituir a dança da garrafa". Você vai sair dessa bad wave e encontrar algo melhor... apesar de não saber bem se o créu é melhor que a dança da garrafa, mas vamos esquecer isso porque já ta demais para minha cabeça. - ele falou balançando a cabeça confuso.
Depois dessa cai numa crise de riso interminável. Caju podia não ser o melhor conselheiro amoroso, mas com certeza era o mais engraçado.
[continua...]

quinta-feira, 26 de junho de 2008

CAPÍTULO OITO - DA FOSSA À REVELAÇÃO [parte 2]


- Sabe Nicky, como já dizia o velho ditado popular, "o pior cego é o que não quer ver"...
- Sabe Rickyzinho, pior que seus ditados cafonas, só sua cara de idiota.
- Idiota eu!? Acho que não... Não é minha namorada que...
- Vai, diz logo, isso se tiver algo a me dizer.
- E ganho o que dizendo?
Agora chega, está na cara que o Rick está me enrolando, e eu ainda dando trela para ele. Vou para aula de IED logo, antes que perca até a segunda chamada.
- Bye. - digo antes de sair correndo.
- Espera Ni...
Claro que não esperei. Cheguei na sala, sentei numa cadeira do fundão. Estranho né? Quando estudava em Alterosa do Sul tinha que chegar cedo para conseguir uma cadeira no fundão. Aqui, se sobrar cadeira, é só lá... o pessoal se mata por uma carteira na frente. Muito estranho...
Estava eu concentrada na aula, ou pelo menos tentando com todas as forças me concentrar e não pensar em Andrey e nas cutucadelas de Rick. Quando sinto uma bola de papel bater nas minhas costas. Olho ao redor, Andrey estava concentrado copiando algo, Quiqui estava sentada na frente, só tinha o idiota do Rick olhando para mim com aquela cara de debochado de sempre.
Pego o papel e amasso, mostrando a Rick o que ele poderia fazer com suas fofocas de quinta. Mas depois de um tempo, quando percebo Rick destraído com algo, sinto um comichão na mão e o bichinho da curiosidade me roer por dentro. Sem demora resgato o papel. Lá dizia: "Como disse antes, o pior cego é o que não quer ver. Mas se quiser se curar da cegueira, serei seu deus (como a história da bíblia) e te farei enxergar os seus galhos... Se não confia em mim, pergunta para Quiqui em que o Andrey trabalha. Beijinhos, do seu querido Rick"
Pára tudo, o que foi isso?!
O que a Quiqui sabe?!
Ou o Rick está zoando com minha cara, ou estou sendo zoada a meses, sendo feita de trouxa sem saber.
Vou esclarecer isso agora mesmo.
Pego o celular e mando uma mensagem urgente para Quiqui: "Assim que eu sair da sala, venha atrás. Super importante."
Vou desvendar esse mistério é agora.

[continua...]

terça-feira, 24 de junho de 2008

CAPÍTULO OITO - DA FOSSA À REVELAÇÃO [parte 1]

 Fafa de Belem - Abandonada por Voce


Nossa, já faz mais de uma semana que não vejo o Andrey, desde aquele dia lá na república. Sempre me dando desculpas. Quando não é trabalho é parente que se machuca. Isso cansa viu!!! Tô me sentindo um cachorro que caiu do caminhão de mudança e foi abandonado. Não, não é uma fase emo, apenas a constatação de que estou sendo jogada para escanteio.
Fiquei nessa fossa toda e acabei me atrasando para a aula de IED. Sai correndo igual uma louca, vesti a primeira roupa que encontrei e fui para a UFES rezando para que o professor mal humorado não chegasse antes de mim. Claro, porque os professores do Pin na maioria das vezes começam a aula depois do horário e os meus não?? Ahn, pequeno detalhe, esqueci de contar que ele faz Jornalismo hehe
No meio do caminho adivinhem em quem eu esbarrei, literalmente? Isso mesmo, o idiota do Ricardo. Fiquei mega irritada, como se já não bastasse estar atrasada ainda dou de cara com aquele encosto. Muito azar num só dia. Definitivamente, Murphy me ama!!!
-Você vive se jogando para cima de mim hein Nicky? - aaaah a ironia dele me deixa furiosaaaa.
-Vê se me erra Ricardo, hoje não estou com paciência!
-Que foi Nickyzinha, brigou com seu namoradinho perfeito??
-Vai pro inferno!!! - explodi de raiva.
-Calma Nicky. O que aconteceu? Finalmente você descobriu ou alguém abriu seus olhos??
-Como assim?? O que você está querendo dizer? Tá com dor de cotovelo é?
-Ai ai Nicole...
-Ai ai o que? Anda, estou esperando. O que você vai inventar dessa vez sobre o Andrey??


[continua...]

domingo, 22 de junho de 2008

CAPÍTULO SETE - NUM TÉDIO SEM REMÉDIO [parte 6]

 Paralamas do Sucesso - Lanterna dos Afogados



Fico olhando para ele na tentativa de achar um sinal de mentira. Mas a única coisa que consigo é ficar com vontade de abraçar e beijar o Andrey. Como sou fraca! Ele me dá um sorrisinho e derreto toda.
-E que autógrafo que você conseguiu para mim?
Ao lembrar do autógrafo fico vermelha, e pondero se devo contar sobre o meu mico. Com um segundo, chego a conclusão que não! Imagina como ele ficaria triste por ter magoado seu cantor preferido. Nunca.
-Do Leandro. – digo rapidamente.
-Do Leandro? Mas como, por psicografia– pergunta ele risonho.
Ai, eu de novo. Será que não consigo dizer Leonardo? Leonardo, Leonardo e mais uma vez Leonardo.
-Não, desculpa. É Leonardo.
-Você está brincando?
-Não, é sério. Está aqui – e entrego para ele o maldito papel.
Andrey olha fascinado; Percebo que o Leonardo é pra ele o que os Paralamas do Sucesso são para mim. E quase não me arrependo do mico que paguei para conseguir aquela assinatura.
-Sabe que te adoro?
E ele larga o papel e vai para cima de mim. Me beija como se não me visse há dias, se bem que isso não é tão mentira assim, afinal ficamos 55 horas 25 minutos e mais alguns segundos. Ahh, acreditou que eu tinha contado? Brincadeirinha, não sou tão psicopata assim.

[fim do capítulo sete]

sábado, 21 de junho de 2008

CAPÍTULO SETE - NUM TÉDIO SEM REMÉDIO [parte 5]

raça negra - ciume de voce

-Não. Ele só não veio porque o avô machucou a perna e foi com a família visitá-lo na roça.
-Mas está bem? O avô digo...
-Acho que sim. Mas porque veio aqui?
-Ah, o Andrey está lá na sala.
-Mas Sophia, se está lá porque não me falou antes?
-Ai Nicky, me esqueci. A história que você estava contando era tão triste... – diz ela, sonhadora como sempre.
-Pede para ele vir aqui.
Sophia sai. E logo depois Andrey entra.
-Oi amor. – me da um beijinho – como você está?
-Eh... bem. Perfeitamente bem...
-Não entrou em nenhuma enrascada na minha ausência não? – ele perguntou, brincalhão.
-Que isso. E você, não foi seduzido pela ex-namorada, não?
-A ex? ah... você ta falando da Kelly? Nicky, não tenho olhos para nenhuma outra mulher, só você. Estava com saudades.
-Mas essa Kelly, ela deu em cima de você?
-Claro que não... só fomos tomar banho de cachoeira juntos, só.
-CACHOEIRA? – me levanto brava, acho que meus piores pesadelos estavam certos. – ah, sim. Já estou vendo as cenas tórridas de romance que vocês protagonizaram. Seu safado!!! E eu preocupada em pegar aquele autógrafo para você. Idiota..
-Cenas tórridas de romance? Tá louca?
-Você mesmo disse que foi para cachoeira com ela.
-Sim, com ela, os irmãos dela, os pais dela, e os meus pais e minha irmã, com meu avô a tira colo. Por Deus!
-Você promete que não houve nem um abracinho mais caliente na água?
-Prometo, Nicky, você me conhece - olho para ele desconfiada.
-Olha, espero mesmo hein!

[continua...]

quinta-feira, 19 de junho de 2008

CAPÍTULO SETE - NUM TÉDIO SEM REMÉDIO [parte 4]

 Leandro e Leonardo - Pense em mim

-Deixa-me ver. – ela pega da minha mão e lê em voz alta. – “Obrigado pelo carinho. Leonardo.”
-Leonardo? Mas não era Leandro?
-Você o chamou de Leandro?
-Sim... ixe errei o homem. Ah, mas do mesmo jeito o Andrey vai gostar, é fã dos dois...
-Você não ta entendendo. Agora estou lembrando. – e olha mais uma vez, para o grupo dentro da loja – o tal do Leandro, era a dupla dele, mas morreu uns anos atrás. Agora que olhei melhor, me lembrei, deu o maior auê. Parece que foi câncer.
Fico vermelha. Ai que vergonha! Que insensível eu sou. Ai meu deus. Que mico.
-E está vendo aquele gatinho? O de camisa azul? – ela aponta discretamente.
-O que tem ele?
-É filho do falecido.
-Ai Deus. Que falta de tato a minha... vamos logo. Estou morrendo de vergonha.
Sai mais que rapidamente dali. Nem clima mais tenho para shopping. A vergonha me consumia.
Passei o fim de semana todo me corroendo de remorso e vergonha. Quando domingo a noite chega, estou no meu quarto deitada, ouvindo Leandro e Leonardo (me senti em dívida com eles, e comprei um cd), Sophia abre a porta, e olha para mim espantada.
-Tá doente?
-Por que?
-Sei lá, ficou para baixo todo o fim de semana, e agora ouvindo sertanejo. Logo pensei, é problema. Brigou com o Andrey?
Olho para Sophia indignada. Oras, porque agora toda vez que estou um pouco mais triste ou mais alegre, tem que ser culpa do Andrey? Será que antes de não ter um namorado eu era uma anta sem alma? Ok, estou novamente exagerando. Meu eu dramático às vezes me domina.

[continua...]

terça-feira, 17 de junho de 2008

CAPÍTULO SETE - NUM TÉDIO SEM REMÉDIO [parte 3]

Uma vez lá, fomos em todas as lojas. Comprei horrores. Sabe comprar alivia a minha tensão. Não que seja uma maníaca-compulsiva-por-compras. Mas realmente pensar em que bolsa levar, se aquele vestido ficou bom, ou se chegou novos modelos de “havaianas” para eu aumentar minha já quase centenária coleção, sempre ocupa minha mente.
Quiqui é pior que eu. Pelo menos minha tara é baratinha, já que minha coleção é das havaianas, mas Quiqui tem tara por bolsas. Dessa vez ela levou três do mesmo modelo da Puma, só que como ela mesmo disse, uma era preta (momentos básicos), outra rosa (momentos fashions) e a outra azul (para o dia-a-dia). Confesso que quase nunca entendo os devaneios dela, mas como é uma boa pessoa, eu relevo.
Quando íamos entrar na loja da Triton (ela havia visto uma bolsa, bem parecida com a da Puma que acabara de comprar, porém mais bonita) me deparo com um cara que me parece familiar.
-Oh Quiqui, aquele não é o cantor daquela dupla? Como é mesmo?
-Sei lá. – responde distraída, enquanto babava por uma bolsa verde que reluzia na prateleira a sua frente.
-Acho que Leandro.
-Deve ser. Desde quando gosta de música sertaneja?
-Não gosto. É o Andrey. Sabe, ele ama. Sua dupla favorita é Leandro e Leonardo
. Vou lá para pedir um autógrafo. Ah, ele vai amar. E quem sabe, assim ele não pensa mais na roceira ex dele...
-Roceira ex?
-Nada. Viagem minha. Vou lá ver se consigo o autógrafo.
Vou chegando sem graça. O tal cantor estava cercado por dois garotos e uma garota, deviam ser seus parentes, se pareciam muito. Pego minha agenda na bolsa e uma caneta.
-Leandro, você poderia me dar um autógrafo? É que meu namorado simplesmente ama a sua dupla.
Ele levanta os olhos para mim. Dá um risinho sem graça, e pega a agenda da minha mão. Seus acompanhantes me olham com um olhar esquisito, deviam não ter gostado da minha interrupção. Então assim que ele assina, digo um obrigado e rapidinho saio de lá.
Fora da loja, Quiqui já me esperava com uma sacola nova na mão.

[continua...]

domingo, 15 de junho de 2008

CAPÍTULO SETE - NUM TÉDIO SEM REMÉDIO [parte 2]

Ligo para a Quiqui. Lembrei-me que ela estaria em casa hoje sem fazer nada. Desde que o namorado não a acompanhou para o show de Sandy & Junior ela se recusa a falar com ele. Acho que ela está pegando pesado. Poxa, está dando gelo nele a mais de um mês. Fiquei até com pena, e olha que é difícil alguém ter pena de um armário de quase dois metros de altura e 90 kg de pura massa muscular. Mas não adianta falar com ela, estou para conhecer garota mais fanática por aquela dupla. Então a coisa é assim, mexeu com a Sandy ou o Junior, brigou com ela.
-Quiqui, está em casa? – digo assim que ela atende o telefone.
-Sim, morgando. – percebo que sua voz está meio triste. Na verdade, tem estado assim desde que ela se separou do namorado, e piorou depois que voltou do show de Sandy e Junior e eles anunciaram (convenhamos, já estava demorando) que se separariam também. Triste, não?
-Vamos ao shopping?
-Shopping? Estou sem saco.
-Vamos Quiqui, te conheço, é só você passar na frente da loja da Colcci e da Puma, ver aquela bolsa linda que vimos com a piranha da Juli, que você se anima. Vai ver só!!
-Será? – ela pergunta ainda em dúvida.
-Claro. Soube que tem da bolsa da Puma na cor rosa. – rá, agora ela não resiste.
-Sério? E será que tem na preta também? Sabe, uma cor legal, e outra básica.
-Deve ter, mas só sabemos se formos lá.
-Ok, me convenceu. Passo na sua casa daqui a 30 minutos.
-Certo.
É claro que tive de esperar uma hora. Sempre que Quiqui sai, você pode dobrar o tempo que ela diz que vai demorar. Só assim para não ficar criando raízes, enquanto esperava ela chegar.


Vejam o que Quiqui perdeu, se é que perdeu algo!!!




[continua...]

sábado, 14 de junho de 2008

CAPÍTULO SETE - NUM TÉDIO SEM REMÉDIO [parte 1]

Ultraje í Rigor - Ciúme


Mais um fim de semana sem Andrey. Estava eu sonhando com um fim de semana calmo e aconchegante com meu namorado mas, como sempre, Murphy está agindo e como os planos que faço nunca dão certo, esse não seria exceção.
Andrey teve de viajar para a fazenda do avô, no interior, porque este resolvera dar uma de peão boiadeiro e, com isso, conseguiu quebrar a perna e ter o netinho por perto. E eu fiquei chupando dedo, é claro. A concorrência era desleal também, pow ninguém ganha de um avô com a perna fraturada.
Sei o que vão falar: que sou mimada e que não tenho nenhum pingo de solidariedade e compaixão nesse meu coraçãozinho rancoroso. Mas tenho outras coisas para informar. A ex – namoradinha de férias de Andrey, mora na fazenda mais próxima, num raio de 15 km. E está lá, a espera de meu namorado, casta, com sua roupinha brejeira e suas trancinhas, sorrindo inocente e atrativa. E eu aqui, trancada em um quarto sem poder fazer nada, sabendo que a qualquer momento meu namorado será traçado pela ex de trancinha e sardas no rosto. Imaginando cenas que envolvam Andrey se divertindo com a ex, em uma cachoeira. Os dois lá peladinhos fazendo as pazes.
Só para constar, não estou sendo nem tarada e nem exagerada, mas tenho tido pesadelos com isso, e tive que contar.
Agora é serio, tenho de arrumar algo para me divertir.

[continua...]

quinta-feira, 12 de junho de 2008

CAPÍTULO SEIS: ARRASAAAAAAA!!! [parte 4]

De Shakira a Tati Quebra Barraco, dancei como nunca, ri como nunca. E me espantei com a quantidade de deuses gregos que passavam de lá pra cá, e que não havia reparado antes.
Umas duas horas mais tarde, Pin voltou ao nosso convívio com uma cara de safado, daquelas de quem comeu e gostou, sabe?
-E aí, que gatinho hein!? – falo. Confesso que com uma pontada de inveja.
-Peguei bem, não? Já trocamos orkut, MSN e telefone, vamos marca algo pra depois! Ah Miga, acho que fui acertada pelo cupido.
-Tenho quase certeza. – digo eu sorrindo da atitude sonhadora de Pin. Pelo visto ele achava que tinha encontrado sua cara metade.
Fomos tomar uma ICE. Merecia um refresco depois de toda aquela dança.
-Pin, quando vamos? – pergunto ao olhar as horas no relógio.
-Nicky, não podemos perder o show das drags, começa daqui a 10 min, e é o ponto alto da festa. Prometo que quando acabar vamos embora.
-Show das drags?
-Isso mesmo! você tem que ver, é imperdível.
Pin tinha razão, o show foi muito bom, deu de dez a zero em qualquer show de humor que já tenha visto. Vários gays, todos travestidos, cantavam em um show muito engraçado as músicas eternas que o mundo GLS havia se apropriado. Sucessos como I will Survive , Its raining man e WMCA, dominaram o ambiente.
Só depois das cinco da manhã fomos embora. Assim que me deitei na cama, tive certeza de uma coisa. Aquela tinha sido uma das noites mais divertidas da minha vida. Diferente, louca e nada convencional.

[fim do capítulo seis.]


Veja o video do show das Drags você também:

terça-feira, 10 de junho de 2008

CAPÍTULO SEIS: ARRASAAAAAAA!!! [parte 3]

Abba - I Will Survive

Depois de alguns instantes tomando fôlego e me recuperando consigo me desencanar, levar tudo na esportiva. Volto então a me divertir na pista com a galera. Vou dançando ao som do Dj Marinho, distraída e totalmente no clima. Quando olho para o lado, e páro de dançar.
Pin estava praticamente se “comendo” com um carinha do meu lado.
-Nossa – fala Pin assim que consegue se desgrudar dos beijos do barbudo – Nicky, esse é o... – olha para carinha em dúvida.
-Brad – diz o cara barbudo, que a pouco se atracava com Pin. Meu deus, agora podendo dar uma analisada melhor no peguete do Pin, quase caio para trás. Que cara lindo, gato, e nada gay. Podia jurar que aquilo tudo era homem. Não tinha nada, nem um traço, nem um pouco de voz de biba... que tremendo desperdício, penso.
-Oi – digo desconsolada. O que o mundo feminino não estava perdendo.
-Nicky, se importa se eu for ali no sofá um pouquinho com o Brad? É para termos um pouquinho de privacidade sabe...
-Não, pode ir...
Para falar a verdade, eles nem ouviram minha resposta. Antes mesmo de eu pronunciar toda a palavra “pode”, eles já estavam no sofá se “conhecendo” melhor. Viso que o se conhecer deles era se beijar loucamente e passar as mãos por toda parte (não vou ser específica nessa questão, porque confesso ser uma experiência traumatizante).
Ainda tentando me conformar com a idéia de que aquele deus grego não chutava para gol, tento me abster de toda aquela visão torturante me juntando ao resto das pin’s e a Lu (com seu peguete). Aos poucos fui me esquecendo, ou tentando esquecer. Com minhas novas “amigas”me divirto como nunca.

[continua...]

segunda-feira, 9 de junho de 2008

CAPÍTULO SEIS: ARRASAAAAAAA!!! [parte 2]

 Raul Seixas - Rock das Aranhas


Caraca, nunca vi tanta pintosa assim reunida. Ta na cara que elas são, quer dizer, eles são, ah vocês entenderam. Eles são muito bibas, salta aos olhos a preferência deles (as), ai isso me confunde muito.
-Pin’s, essa é a Nicky. Ni, essas são as pin’s, as mais piriquetes do pedaço.- Pin faz as apresentações. – e a Lu e seu bofe, nem preciso apresentar né? Já conhecem.
Coitado do Fábio, começou a namorar a Lu há pouco tempo, e já tem de agüentar isso. O que o amor não faz por uma pessoa. Será que o Andrey faria isso por mim?! Ah, o Andrey... por que ele me larga e me deixa à mercê da Pin e seus programas? Desde Alterosa só me ferro com os programinhas dele.
Conversamos um pouco e depois fomos para a pista dançar. Caraca, as pin’s eram demais. Não me lembro da última vez que ri tanto, e meu, elas dançavam pacas, aprendi cada passinho.
Estava dançando, indo até o chão (estimulada pelas pin’s) quando sinto um toque em meu ombro. Viro-me surpresa.
-Sim?! – pergunto, olhando curiosa para a mulher que havia me cutucado.
-E ai gata, dança comigo?- sinto nessa hora meu rosto enrubescer, tanto pela proposta, quanto por ser alvo de atenção de todas as pin’s.
-Desculpa! – digo eu desconcertada- mais eu gosto de... – e puxo Pin para perto de mim, porém, a “mulher” da um sorrisinho irônico, logo entendo o “porquê”. Pin não contava como o exemplo que eu estava querendo dar, era uma biba da cabeça aos pés. – que dizer, gosto de homens, tô aqui só acompanhando meu amigo. – e aponto pro Pin.
-Bom gatinha, se mudar de idéia, tô por ai. É só me procurar. – e antes de se afastar, lança uma piscadela pra mim.
-Ui Nicky! Arrebentando corações – Lu me zoa, ao perceber meu constrangimento.
Sorrio sem graça e tento me recuperar. Afinal, não era todo o dia que eu levava uma cantada de alguém do mesmo sexo que o meu. Pensado bem, nunca tinha levado uma cantada de uma mulher, talvez seja por isso que fiquei tão impressionada.

[continua...]

domingo, 8 de junho de 2008

CAPÍTULO SEIS: ARRASAAAAAAA!!! [parte 1]


the pussy cat dolls - Don´t Cha

Nossa, essa foi uma das noites mais loucas da minha vida!
Quando Pin me ligou falando da tal boate, que ele ia sempre que dava, fiquei assim meio com o pé atrás. Uma vez que aquela não era uma boate normal, era simplesmente a CHICA CHICLETE, a boate gay mais... gay da cidade. Não me entendam mal, nunca tive preconceito com gays, lésbicas e simpatizantes. Porém, isso não quer dizer que eu não goste da fruta (entenda fruta como homem por favor). E não seria numa boate gay que eu ia encontrar a metade que eu queria. Até porque essa metade já encontrei.
Mas como os outros convites para sair não foram nem de longe empolgantes (para falar a verdade, fora essa da boate gay, só fui chamada pela Sophia para ir a uma festinha da igreja, que convenhamos, não é uma festa tão esperada) decidi embarcar em mais uma canoa furada com Pin, e Lu, que sempre arrasta seu namorado junto. Essa menina é louca, vê se num mundo como o de hoje, onde homem hetero é mercadoria cada vez mais rara, iria dar tanta chance ao azar, não é mesmo?. Tudo isso porque como sempre Andrey deu uma desculpa que tinha de visitar a avó, ou o avô, não entendi direito,
Tentamos arrastar Sophia também, mas depois do micasso passado no bar, ela tenta pagar todos os seus pecados indo todos os dias na igreja.
Bom, chegando na boate, fui logo avaliando o ambiente. É idêntica a qualquer outra boate, em tudo mesmo, tirando é claro as pessoas em volta.
-Foda, não?! – diz Pin se remexendo ao som de Pussy Cat Dolls – vem, vamos ali, avistei umas amigas minhas, as piriguetes.
Enquanto ia literalmente puxada por Pin, olho bem pras suas “amigas”.

[continua...]

quinta-feira, 5 de junho de 2008

CAPÍTULO CINCO – RELACIONAMENTOS COMPLEXOS [parte 5]

Reginaldo Rossi - Garçom



Visualizem a seguinte cena: uma menina que aparentemente é pura, santa e casta (não estou falando de mim, não agora) em cima da mesa de um bar lotado, com uma garrafa de vinho na mão e cantando Garçom, sim, aquela música do Reginaldo Rossi, mas que só estava tocando em sua cabeça. Bizarro né? Agora visualizem a Sophia fazendo isso. Bizarro ao cubo.
-Saibaaaa que o meu grande amorrr hoje vai se casaaar...
-Sophia desce já daí - tentei, sem sucesso, dar um jeito na situação ridícula.
-Aaaah Nicky, me deixaaaa - gritava ela
-Tá todo mundo olhando para a gente – eu insistia.
-Podem olhar, não tira pedaço.
Como diria Pin, se estivesse sóbrio também, Santa Madonna!! Que vinho é esse?? Deixou a coitada pior do que eu na fatídica calourada. Se bem que...não, não vamos exagerar né.
-E pra matar a tristeza só mesaaaa de barrr...
-Sai daí chifrudaaa – disse uma mulher que estava na mesa ao lado.
-Volta pro mar oferenda – gritou um cara que passava na rua.
-Agora chega Sophia. Desce! - finalmente Léo decidiu pôr ordem no galinheiro. Pegou Sophia pela cintura e a colocou no chão.
-Vamos para casa porque isso aqui já deu o que tinha de dar – disse Caju, tentando disfarçar, mas estava adorando a situação.
Pagamos a conta e fomos direto para casa. Enquanto Sophia vomitava até a alma, Pin dava seus ataques histéricos de nojo, Caju dormia debruçado na mesa e Léo contava o ocorrido para Lu. Nickyzinha aqui, como sempre, se absteve e foi para o quarto assistir filme. Afinal, quem sou eu para falar do porre alheio!

[fim do quinto capítulo]

terça-feira, 3 de junho de 2008

CAPÍTULO CINCO – RELACIONAMENTOS COMPLEXOS [parte 4]

-Sophia, você precisa relaxar. Ficar se enchendo de sorvete com essa trilha sonora nada agradável só vai te deixar deprê e com alguns quilinhos a mais. Você vai sair com a galera hoje e não aceito desculpas.
-Não sei Nicky...
-Já disse, você vai e pronto! - nada autoritária né?
Aquela menina vive enfiada em casa. Quando não está estudando, está naquele computador. Agora entendo o motivo de horas a fio na internet...
Depois de muito insistir consegui tirá-la da cama. Fomos eu, ela, Pin, Léo e Caju para um barzinho aqui mesmo em Jardim da Penha. Logo que chegou, Pin pediu uma espanhola. Calma, mentes impuras. A espanhola que estou falando é uma batida de vinho, leite condensado, abacaxi e gelo picado. Alguns colocam creme de leite também. Eu, Léo e caju ficamos na cerveja mesmo. Como diz Léo, batida é coisa de fruta. Já Sophia, se contentava com um copinho sem graça de guaraná. Cerveja vai, fruta vem...
-Sophia, vai ficar nesse guaranazinho? - disse Pin, meio tonto de tanto beber fruta adulterada.
-Não estou acostumada a beber – não sabe o que está perdendo né não pinguçada?
-Ah Sophia, um golinho não vai fazer mal – encoraja Léo.
-Isso mesmo, além do mais beber cura dor de corno - putz, que comentário mais infeliz esse do Caju. Já disse para vocês que Léo e Caju são dois espíritos de porco? Pois é, eles são. Tanto encheram a pobre da Sophia que, como por um milagre, a convenceram de enfiar o pé na jaca.
-Já que não vou poder ter meus 4 filhos e morar na casa azul, me dá isso aqui – e Sophia tomou o copo das mãos de Pin, que a essa altura havia abandonado a batida e estava bebendo apenas vinho.
Nunca imaginei ver essa cena. Sophia bebia como se fosse água. Parecia estar possuída por Dionísio. Isso porque não estava acostumada a beber né? Sempre soube que essas meninas que fazem o estilo “santinha” são as piores.
Preciso dizer que isso não prestou?

[continua...]

domingo, 1 de junho de 2008

CAPÍTULO CINCO – RELACIONAMENTOS COMPLEXOS [parte 3]

-Não, você que foi para cima dele?
-Sim, mas não me entenda mal. Eu pedi antes. Na verdade, implorei mas...
-Você pediu um beijo? Implorou??
Santo Picasso! Me colore que eu tô bege!!!
-Sim, pedi. E quanto mais eu pedia, mais ele recuava. Porém, depois de eu insistir tanto ele concordou. Lembro... - nisso ela começou a chorar alto, soluçando - Lembro que fechei meus olhos e fiquei esperando, com a boca prontinha para receber o primeiro beijo do pai dos meus filhos. Mas uma menina nos interrompeu, me empurrando e gritando que era a namorada dele.
-E ele, o que fez?
-Ele disse para a namorada que eu era uma louca, uma coitada que estava pedindo beijos para qualquer um que passava. E ela acreditou nele. Os dois saíram rindo de mim e eu fiquei lá, igual um cachorro que caiu do caminhão de mudança. Abandonada, rejeitada e traída. Ah Nicky, quero morrer...
Não sabia o que falar. Era novidade demais para um só dia. Processar que Sophia, a beata mais casta, pelo menos aparentemente, estava planejando casamento, filhos, casa, cortinas, cachorro, conhecer o ser... E pior, quando conhece, implora por um beijo e passa de namorada virtual à amante em potencial.
Tenho que fazer algo. Mas só depois de uns minutos. Preciso processar toda essa informação.

[continua...]