terça-feira, 20 de maio de 2008

CAPÍTULO TRÊS - "PIRIGUETIANDO" COM CLASSE [parte 5]

Minha bolsa não estava lá! Sim, estava na praia sem bolsa, sem celular, sem dinheiro, sem carro, sem nada! Vou andando para ver se acho um raio de um táxi, mas nada. Só na beira do calçadão da praia avisto algum. Esperei que ele aceitasse receber quando chegasse em casa. Lá em Alterosa o seu Lorival, taxista da cidade, sempre aceitava esses acordos, mas aqui não é como Alterosa, as pessoas não confiam umas nas outras.
Rezando, me aproximei do táxi. O motorista estava dormindo dentro do carro. Me inclino e bato no vidro, e depois de um tempo consigo acordar o homem. Inclino-me para falar com ele.
-Será que senhor poderia... – sinto um tapa na bunda – que porra é essa? – grito fula da vida.
-Ei, ei... – ouço alguém num carro à frente gritar. Olho para um lado, para o outro e aponto para mim – você mesmo. GOSTOSA!
-Moço, onde estamos??? – olho assustado para o motorista, que acabava de acordar.
- É um ponto de prostituição. Olha menina, não carrego esse tipo de profissional, não para fazer trabalhos. Minha religião não permite compactuar com essas perdições mundanas.
Olho melhor em volta e vejo espalhadas pelo calçadão um monte de profissionais do sexo, vestidas muito vulgarmente, que inclinadas conversavam com um cara dentro do carro.
-Jesus!! Moço, você precisa me levar. Olha, em casa te pago, juro! Mamãe me mata se sonhar que sou piranha, digo, que eu fui confundida com uma. Fico de castigo sem sair de casa até meus 50 anos se ela descobrir que andei num lugar desses.
-E com razão. Essas jovens de hoje... Entre no carro. – entrei rapidamente.
E então, voltei para a casa. No táxi fui quase evangelizada pelo taxista, que me contava sobre o apocalipse e recomendava mais decoro da minha parte, dizendo que os prazeres do mundo eram pecaminosos e que só levavam à degradação da humanidade. Fiquei calada, não queria questionar ninguém, só amaldiçoava em silêncio Andrey por ter me deixado passar por aquilo.
[fim do terceiro capítulo]